31 de jul. de 2009

INTEIRAMENTE

Eu tenho um riso escancarado e louco pra te dar.
Te dei meus olhos de árvores e céu aberto,
mas ainda tenho guardados,
afluentes alucinados e sem margens.
Eu queria teu cheiro
onde quer que eu chegasse,
queria te reconhecer nos lugares onde moro.
Não quero as leis da física que me separam de ti.
Adoeço,
caio nas ciladas do tempo,
grito nos dias de sol...
A lua
me deixa com a sensação
de que vai me cortar ao meio.

Uma parte de mim é tua,
decididamente.
A outra parte te pertence,
simplesmente,
porque não poderia ser de mais ninguém.


Saudade que nem café...

Eu tenho uma saudade fatal.
Louca, desvairada.
Ah, preciso muito te seguir,
pelo menos nos meus pensamentos,
já que ando longe,
moro em outro canto,
em outro mundo,
tem muitas pontes entre nós...
Te adoro,
porque num instante qualquer,
um toque teu me completou o corpo,
o sígno,
os lábios...
Tu me desorientou as mãos,
mas me deu sentido pro menor sorriso,
pro olhar mais carinhoso,
pras minhas manifestações mais importantes...
Assim,
enquanto essa vida que há muitos instantes,
vivi e senti,
Deixa pra lá...


(eu sempre me pergunto porque é que não temos o mesmo tempo...)







26 de jul. de 2009

. . .

Eu vou contar que a gente pensa,
sonha dias e dias,
chega a sentir o cheiro,
percebe o jeito...
e quando vê... tá bem aqui.
Prontinho...
Provamos então,
que nada é tão difícil assim,
que o amargo permeia o doce,
que o previsível anda de mãos dadas
com sentimento de verdade,
que não é bem uma surpresa...
Quero dizer que,
quando acaba o brilho,
trinca o que há muito quebrou,
e acomoda-se a hora,
os instantes,
as velas,
os vinhos,
os gostos,
as primazias...
Daí,
o amor volta a acontecer....

24 de jul. de 2009

ABRO MINHAS PORTAS A TEMPO...

Agora sou eu quem faço a minha lei.
Lei leve é o que traça meus miolos,
e a cara dura do meu coração.
Fico debaixo dos sonhos,
e sou rastro recente de amor.
Preciso da extremidade de alguma coisa da vida.
Não vou atropelar mais
por tamanha precaução de querer ir.
Caminho rapidamente em câmara lenta,
mas sempre adiante da dor.
De vez em quando fujo, como agora...
Sopro, sopro pra dentro,
e nada de lá se sacode.
Mas abro as portas a tempo...
Isso tudo é um vento que não consegue me levar.


23 de jul. de 2009

...
Aqui,
entre um sorriso e outro,
no meio dos meus pensamentos,
misturo meus dias
e muitos momentos.
O tempo me parecia demais.
Agora não.
O gesto parece mais carinhoso,
o olhar é mais tranquilo.
É um misto,
isso tudo que vem.
É uma mistura de encanto,
de magia,
de alegria.
Gosto do silêncio das palavras cheias,
do toque quieto que os olhos mostram.
Eu entendo a maciez do tempo
e espero com a delicadeza de uma música forte,
dessas que atingem a alma.
Eu tenho sonhos no meu quintal.
Não sei quem és,
mas sei que lá,
és uma planta que cresce.

21 de jul. de 2009


UM TEMPO...

Houve um tempo em que a saudade era escondida no meio de músicas,
no meio da noite invadida por tudo,
no meio de acordes inventados por rítmos...
Houve um tempo em que eu viajava sobre livros.
E foi aí que o tempo marcou meus rastros...
Hoje,
eu não escondo mais a saudade.
Nada tempestuoso.
É calmo o risco...
Não acredito mais no tempo em que não se conta o pedido à uma estrela cadente.
Acredito que não é só o arco íris que entende de cores.


Hoje eu não pensei em ti em segredo, mas se te visse,
tenho certeza que entenderia a linguagem de tudo no teu olhar...

E lamentaria.


VOLTO A CRER NO VIOLÃO...
Eu sei que tropeço no meio da linha,
e que o sol só vem de vez em quando...
Mas agora,
não tenho tristeza nenhuma,
não me faz falta tua ausência,
tuas ruínas de migalhas,
tua falta de cuidado.
Não temos nada.
Na minha vida,
tu morreu na contra mão.
E minhas vontades casam com o que sou.
Volto a crer no meu violão.


20 de jul. de 2009

Hoje
aprendi a diferença
entre o que é garganta
e o que é pão...

Chega

Queria a língua da minha mãe pra explicar esse parto.
Não fracassei na minha tentativa de nascer de novo.

Agora, o que é verdadeiro é meu.
Hoje

Talvez eu te componha,
te cante
e te faça acorde,
entre uma nota e outra.
Talvez eu
te acompanhe
e te acenda entre uma brasa
e um fogo.
Talvez sobre ainda,
uma faísca.
Contigo,
eu não sabia o lugar do nexo,
onde moravam os sentidos.
Sabia do oposto,
do lado de lá,
do talvez,
do quem sabe,
do pode ser.
Sempre desenhava,
mas entendias mesmo,
era meu ponto,
minha última linha.
Eu gosto e sei,
é dos temperos da pele
e da alma.
E de ti,
só conheço o sígno,
tudo aquilo que te descreve,
te esconde.
Teus segredos são longos
e escorregam.
O que tens em ti,
não completa o que me falta.
A partir de agora,
te guardo assim,
entre universos de silêncios,
vinhos bons,
e um olhar que não consegui entender.
Talvez eu te conte,
te espalhe,
te encare,
te guarde,
só não te espero mais.
Definitivamente, eu cansei.








18 de jul. de 2009


PRECISO DA ÁGUA DO MAR


A minha tristeza vai se diluindo aos poucos.
Ela toma conta de mim e some.
Me subtrai,
me trai.
Passa lentamente,
me provocando,
quase me matando.
Quero mudar esse rítmo,
esse quadro.
Fico tentando renascer amanhã,
sem mágoas,
porque essas,
dizem,
a água leva.
E juro que não vai doer deixá-las.

17 de jul. de 2009

EXATAMENTE AGORA


Eu resgatei de mim coisas que há muito não via,
e talvez nem mesmo,
me fizessem mais parte.
Não saberia dizer onde andavam.
Agora,
fujo um pouco pro lado,
olho de cara pra frente,
me atiro de costas pra cima,
me deito com a calma do corpo,
viajo com a ira suave dos bichos.
Não quero mais essa miscelânea confusa,
essas arestas de medos,
essas entregas de sentimentos duvidosos,
os corpos cheios de nomes,
os corações cheios de endereços.
Não,
não misturo mais.
Só arrisco sob o frio da madrugada,
entro pela tua janela,
invado teu quarto crescente de lua,
te queimo,
te ardo na pele.
Isso sim,
sei o caminho.
Mas o que preciso mesmo,
é percorrer teus atalhos perigosos.
O que eu quero está aqui.
Hoje.


BICHO

Eu tenho um fogo sim.
Um foco de sentidos de um brilho que busco em ti.
Não te queimo...
Ardo por dentro.
Tu, vens tranqüilamente.
Eu, feito um bicho,
um animal tonto,
completamente bêbado de paixão.

... Depois, a gente só apaga a luz da vela...





10 de jul. de 2009


ALGUÉM PODE ME EXPLICAR ?


A minha aridez vem desse vento ?
E é lento o despertar do sol sobre o meu solo.
Estou no colo da lua,
e fico nua a dançar sobre minhas raízes.
Tenho cicatrizes nas minhas folhas,
algumas matizes da minha escuridão.
Limão ou fruta qualquer brotam do meu pé.
Eu tenho o respeito das águas que regam meu coração.
Eu balanço minhas pontas e permaneço aqui.
Sou áspera, mas meu caule é terno.
Eu tenho a sombra do verão,
eu sou um fruto de inverno.
E eu venho daqui.
Da língua e do útero.
A terra explica meu parto,
encerra meu chão.
Ainda há vento sim,
como o despertar de tudo que eu tenho,
o arar dos montes,
o ventilar dos astros,
os azuis dos veludos,
o lilás das orquídeas,
o nunca esgotar de fontes...

(e a minha aridez, será que vem desse vento ?)






ISSO É TATUAGEM

Te amei como o último grito,
com gana doce, suavidade e força.
Amei tua natureza e tua simplicidade,
tua paciência e o inconsciente
das tuas atitudes sãs e sérias...
Amei a penumbra do teu corpo
relaxando na luz que vinha da janela...





9 de jul. de 2009

Um e-mail...


"Recebi este email de minha irmã, e compartilho minha felicidade com todos vocês. Edike "
Aqui, o jeito que li o livro chamado "Motivo", que esse poeta escreveu pro amor da vida dele.
Publico porque além de tudo, é um elogio pra minha poesia.
Vem dessa alma. O cara é todo poema.
Não há muitas palavras... É lindo demais. Uma declaração mesmo.
Parece que ali, tu consegue lavar tudo, nos pingos da chuva.
Tua poesia pisa em calçadas molhadas e conta os escorregões e a garra que se tem que ter, pra levantar.Os dias nublam sim, mas peraí... essa é a forma.Ali tu desejava o sol tb, e deixava claro sob qualquer tempo, que merecia amar mais.Fez a feira em qualquer dia da semana, queimou feito a quarta-feira de cinzas, se juntou, se recompôs sempre, olhou, viu, e a vontade de continuar e a certeza do sutil e o quase covarde medo sumiram... nada te derrubou. Pelo contrário. Tudo te manteve e esse amor te fazia renascer cada vez que teu chão sumia. Sutil a maneira de tudo. Só um poeta pra fazer a gente visitar e ter idéia. Fez não doer mais a dor que tinha. Amar não pode ser doloroso mesmo.Acho que são sinais.Tô ctgo sempre. E acho que tudo vale à pena, qdo é verdadeiro e imenso na tua alma!!!! E é. Te amo. Perdão se não consigo "o sobre". Mas quando fico assim, de cara com tanto, as palavras brincam, se escondem de mim...me espiam e dão risada da minha cara... Mas como conto com a tua leitura e olhar de poeta...arrisco...Bj amado. Até. Márcia Carneiro.

8 de jul. de 2009

POR ACASO

Umas coisas jogadas pelos cantos.
Pedaços. Cacos.
Umas memórias magras espalhadas no pensamento.
Uma saudade doída.
Uma coisas ressentidas. Laminadas.
Sensações.
Umas coisas do passado, já tecidas.
Essa desordem de idéias sem concordância final.
Esses botões de elevadores, rosas e camisas.
Uma boca muito amarga. Uma acidez de ontem.
Suor de sono pesado.
Preguiça. Um sonho. Uma tristeza.
Alguns resultados de espanto.
Um ar morno. Parado.
Mágoa sem cabimento.
Meus óculos. Meus medos. Minhas desistências.
Tanta inconfidência...
Temo não compreender o sentido.
Manias. Humores. Impaciência.
Emoções não permitidas por uma ausência.
Uma grande porção de afeto. Um amor. Uma paixão.
As mesmas utopias de domingo.
Meus desejos. Meus tênis no chão...


(Por acaso, não deixei contigo meu coração ?)


AUSÊNCIA

Tem aquele jeito que a gente chora...
Vai azeitando a dor,
untando porções,
provando de entorses e quebradices,
zelando a mistura da linha reta com o baixo tom,
quebrando o mal com o que temos de bom,
trocando tudo em miúdos,
aprendendo a entender pra não machucar mais o coração.
Até chegar o dia,
em que a gente aprende a diferença,
entre o que é garganta e o que é pão.




CARTA

Eu sempre achei que saberia achar a saída das coisas,
das ruas, dos atalhos, das trilhas.
Tinha uma lente que observava apenas.
Tinha uma lentidão de sono bom,
um despertar escancarado e doce pela manhã.
Tinha essas coisas,
que vão do encantamento do riso
ao desespero do choro.
Mesclava a dor com os dentes.
Misturava o corpo com a alegria.
Sempre ousei mais do que podia.
E ia sempre mais do que precisava.
Enxergava coisas que não via.
Sentia os abusos e as impossibilidades
muito antes de acontecerem.
Eu tinha um coração inconstante e doido.
Tinha um ritmo acelerado e calmo dentro das artérias.
Me aquietava sempre, o violão.
Fazia música e me entregava sempre,
em cada melodia.
E eu carregava uma coisa de cinema.
Uma mistura de filmes rebeldes, tristes.
Eu sabia que não tinha
o rosto entardecedor das mulheres bonitas,
mas sempre achei que o encanto poderia estar em outro canto,
acreditava que o que eu tinha,
me era suficiente.
Gostava das horas em que conversava comigo
em frente ao espelho.
Eu tinha jeito comigo.
Gostava de parecer forte, um supra-sumo.
No fundo, ainda sou assim.
Ainda tenho esses afluentes todos
guardados dentro de mim.
Eu me perdi muito depois que te perdi.
Procurei por coisas que já não estavam mais no mesmo lugar.
Outras coisas, aprendi a não gostar.
Gostei de outras tantas e aprendi a manter.
Tudo que aprendi contigo está aqui.
Agora preciso priorizar coisas minhas,
reequilibrar coisinhas.
Eu vou te amar durante muito tempo,
te querendo muito todos os dias.
Quando tudo isso passar,
quero que fiques em mim como uma melodia bonita,
uma marca,
uma alegria grande.
É por isso que tenho certeza que esse amor vai existir sempre.

Decididamente.



SÍGNO



Entre a tua imaginação e o que nasce,
mora um anjo tonto,
que acredita no olhar que não vê,
no gesto pequeno,
no sorriso de canto de boca,
na música que ficou no ar.

Entre o teu desejo e o que cresce,
existe a possibilidade do veneno,
a quietude dos poemas,
a leveza do entardecer,
a magia de todas as estrelas.

Entre o que virá e o que não é,
existe o espaço dos dias,
dos ventos,
do silêncio,
e de tudo o que o coração não mostra.

Teu signo não é duvidoso,
é quente,
quieto,
leve,
justo.

Como o signo que me completa,
ele mora entre os astros que me separam de ti.






7 de jul. de 2009

MENTIRA MINHA

Eu disse que a calma viria em um dia de chuva,
que eu seria a única testemunha
de um sentimento que todo mundo conhece...
Falei de coisas que só o espelho sabia.
Eu tinha um rosto diferente.
Eu tinha muito dessas coisas de meu pai.
Eu protegia, sufocando.
Eu sufocava, sem saber que perdia.
Eu sempre achava o que não era.
Meu amor, às vezes,
chegava a ser delicado, de tão bruto.
Eu era assim, meio rústica.
Chegava a ser doce quando queria.
Era gentil demais com as damas,
e me perdia sempre nos jogos com valetes e reis.
Eu morria sempre que podia.
Gostava disso.
Tinha um humor feito
para os que queriam rir simplesmente,
sem dar explicações.
Eu ia muito além do riso.
Eu tinha aquela sede
que jamais se acabava.
Água, sempre bebi pouco.
A vida, tomei aos goles.
Tomei porres dela.
E por isso, eu atropelei.
Atropelei os sentidos que tinha,
os motivos porque ria,
os atalhos,
os meios nos finais de linha.
Eu fui um trem sem direção nenhuma,
sem determinação.
Tive instantes de lembranças,
e o resto da vida pra esquecer.
Depois disso, eu escrevia,
jurava e acreditava sempre que não.
Eu esqueci disso tudo
no momento que explodiram meus espaços.
Eu sabia do real,
e o imaginário terminava ali.
Aqui.
Eu disse que a calma viria em um dia de chuva.
Mas não veio não.
Eu,
continuo me enganando,
achando que sou eu,
a única testemunha do que sinto...
Mentira:

Todo mundo sabe que eu te amo.

6 de jul. de 2009



QUANDO ESCURECE


À noite,
as coisas parecem descosturar-se.
Parece que aumentam, se agravam.
A saudade fica mal abotoada.
Tudo me parece novo, de tão antigo e bom que é.
Já não tenho espaços pra expandir saudade,
não tenho janelas pra bater ao vento.
Eu quero a gravidade da terra,
a gravidez da lua,
e todos os desejos ardentes do sol.


DEPOIS DE TUDO


Nesse instante,
agora mesmo,
teve uma estrela que caiu da nuvem.
Eu queria muito me perder assim,
cair desse jeito,
fugir dessa maneira.
O que me incendeia não é mais a lua
desse céu invernoso e frio.
O que me incendeia é uma dor muito grande,
uma ausência dolorida,
uma coisa de saber-se nunca mais mesmo.
Eu preciso muito não poder te ver.
Não querer, ao menos.
Não mais espaços pra dor,
pra nenhuma despedida...

Quando tudo se acalmar,
a lua vai me incendiar de novo.




3 de jul. de 2009


NÃO ME CHAMA

Eu não tenho nada pra te mostrar agora.
Já guardei com carinho meus versos recentes,
esse amor muito antigo e teu hálito doce.
Agora,
deixa que eu vá,
a isolar as marcas,
a desaguar as mágoas,
a confessar meus medos,
a complicar a volta.






2 de jul. de 2009

Esse poema virou música...


MENTIRA

Não vem me dizer
Que nada passou
Que teu erro vagou
Por aí, sem querer
Não vem me pedir
Pra apagar essa dor
O que eu senti foi amor
Mas já não quero saber
Não vem me contar
Da falta que fiz
Eu fui desenho de giz
Te perdi sem querer
Não, não tem nada demais
A bem da verdade
Na realidade
Isso é tudo mentira
Você
Me ensinou a chorar
Me pediu pra tentar
Me perdeu por querer
Você
Me mentiu ao cantar
Nessa rua, no bar
Nos lugares que quis
Você
Não vai mais me beijar
Nem meu corpo tocar
Assim sou mais feliz



CHEGA

Tu me descalçou
E eu vou agora
Sujar meus pés
Na rua
MEMÓRIA

Eu te perdi bem antes de te revelar meus sonhos.
Te perdi enquanto imaginava apenas.
Te perdi porque não te coube o amor que eu tinha.
Não te serviu.
Era imenso demais,
uma numeração descabida.
Era doce e simples demais.
Teu amor desconhecia esse tanto.



FALTA TUA

Já não tenho mais teu corpo.
Nem teus passos eu conheço mais.
Eu já não sei da tua vida.
É difícil essa arte de descobrir o amor
quando ele morre menino.
Comigo, as coisas sempre parecem do avesso.
Adoeço de agonia.
Tu já não está mais aqui,
e eu já não posso fazer nada.

A tua ausência mora em mim.