26 de jun. de 2009

MINHA ÚLTIMA CONFISSÃO

Aqui, em mim, mora um bicho tonto de paixão,
um anjo um tanto rebelde,
um demônio um tanto suave.
Eu sei que ele me enlouquece de tudo,
que adormece de tanto.
Ele me conta os segredos,
me tonteia de coisas descabidas,
feito o ciúme que tem,
feito o olhar que ele lança,
feito o defeito que corta.
Aqui, mora esse animal de riso simples,
de cara feia,
de mãos enormes
e cantar sereno.
Ele te busca o tempo inteiro,
e te quer de uma maneira única e nova,
de um jeito manso e forte,
de todas as formas e partes.
Ele te invade em protesto,
te possui sem mandato,
te devora por dentro dos olhos,
das roupas,
por dentro da pele, por entre lençóis,
por entre janelas e portas abertas,
por entre toda e qualquer arquitetura,
por entre esquinas de ruas desertas,
possessas de silêncio, escuras de lua nova,
brilhantes de lua cheia.
Esse bicho é assim.
Inocente de alma e vida até os dentes.
Indecente na cama, valente com os homens,
sincero com as damas...

Aqui, bem aqui, em mim,
mora um bicho tonto de paixão.



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