23 de dez. de 2009

Foto roubada com permissão.


Um anjo me contou


que a transparência do que se quer achar


aparece quando menos esperamos.


E a falta de jeito do amor,


quando ele aparece de repente,


temos é que acariciar com tempo e verdade.

Confuso,
mas que venha.


21 de dez. de 2009


Hoje o dia nasceu meio mofado,
feito os morangos de Caio.
Não visitei estrelas

nem quando o sol aparecia.
Resolvi não pescar nenhuma vontade minha.
E isso, pesco sem isca.
Ando com uma ferida aberta no peito.
Abriu de riso,

de águas nos olhos,
de rio turvo,
de mar,
de riachos.
Tenho fendas sim,

mas as reinventei todas.
Hoje elas são chaves.

E só abrem abrem portas encerradas de verdade.
Entre-abertas não.


20 de dez. de 2009


O que amei vibrava e cantava.

Agora,
além disso.
quero um amor sincero,
que me assalte a alma,
que faça eu me entregar.

18 de dez. de 2009

16 de dez. de 2009


A poesia mora em mim,
tem um quarto só dela aqui dentro .

Mas hoje ela deu uma saída,
disse que daria uma volta.
Achei mesmo que ela precisava ficar sozinha.
Não quis água,
nem que eu tocasse no nome do mar.
Falou algo sobre as tempestades,
bichos,
metais,
grãos de areia...

Depois,
bateu suavemente a porta
e saiu.

Vou regar a semente que ela deixou.


Minha poesia chega sem nome,
sem cheiro,
sem flor nenhuma,
embora tenha nascido uma rosa branca,
bem aqui debaixo da minha janela.




14 de dez. de 2009

Foto by Dóris


Estou sempre de malas prontas.
Vou embora todos os dias.
Volto com estrelas que pesco, em cardumes,
com a lua pendurada,
cheia de sono,
com o sol derretendo ciscos,
com poemas alinhavados,
com uma idéia nos cílios.

Me empresto da cor do céu,
e começo meu dia assim....

Refazendo as malas.



11 de dez. de 2009


As cores de todas as tintas fogem,
correm afiadas das telas,
não percebem a nitidez que toda manhã tem.

...apesar da chuva
o dia inteiro contigo
tem suavidade de final de tarde...

7 de dez. de 2009


...gosto de voltar assim,
com gosto de mar no café,
com a areia da praia nos passos...
Mas confesso:
o que eu tinha de maior em mim,
era essa saudade da tua boca...



24 de nov. de 2009


Ensolarei a chuva,
marés, flores, gatas,
e tuas cores...

A estrela cadente escutou meu pedido :
trouxe a exatidão do grão de areia.

O mar que vinha guardando nos olhos,
fez o que pedi :
azulou o sol.

A brasa que a água acendeu,
não foi só vento que atiçou...

Coisa boa sentir os movimentos que me paralisam.






20 de nov. de 2009

Photo by Simone
Não tinha avistado,
não via a possibilidade de verdade,
só olhava lá longe...

Hoje o amor me mostrou que tenho um mar dentro dos olhos,
que sou uma embarcação que navega com a calma de ser leve,
que posso pescar o céu,
que posso chover de querer...


19 de nov. de 2009

Photo by Dóris


Saudade

Ensaio tua boca.
Vou estar perto de onde teu corpo deita
e rasga suavemente a noite.
Meu dia vai ser lindo de ti.

18 de nov. de 2009


...responde ao vento,
se encanta com a poesia do meio fio,
com a rua molhada de chuva seca,
de sol escondido...

Meu coração de mar anda assim.

Anda escancarando portas,
anda avessando o corpo,
anda morando na pele.

...mas tem permissão.




17 de nov. de 2009


Ando alinhando as horas,
lixando as unhas,
preparando o pulo,
descansando feito gato na janela...

Esse silêncio alinhado,
me ensina o tempo inteiro,
que meu olhar te entrega tudo...



16 de nov. de 2009


A claridade do teu corpo me acende,
me reduz
e me expande.
Fica por um tempo,
no escuro iluminado,
que me esconde e me revela.
Eu te reviro
e te coordeno sem ordem alguma.
Então,
tu me completa.
Me faz um ser inteiro meia noite,
onde o sol ainda arde,
e a lua,
tímida,
guarda todo nosso segredo.

A umidade não vinha do ar,
vinha sim de nossas formas,
de momentos ,
e encontro de bocas.

As palavras eram ditas diferentes...
Vinham das artérias,
da pele,
como a liberdade sem o vigiar.

Ah,
que coisa...

(agora me seguem esse pensamentos...)

12 de nov. de 2009

Procuro chegar no meio de qualquer lua,
sem hora, sem data, sem previsão.
Teu beijo,
sinto antes que ele chegue em minha boca...

adoro nossa rota de colisão...

11 de nov. de 2009

Todo dia deve ser dia de alma leve...
A leveza chega assim.
Com o movimento,
com o vento,
com a direção que sopramos,
com a velocidade de luz e janelas,
de muita flor e sol,
de tanto papel e caneta,
de tanto poema e pele...

A leveza chega assim,
sem aviso,
sem nome,
sem data,
sem prazo...

Tem alguém, que de alguma maneira, chamamos...
Nos estende,
nos acorda,
nos espreguiça,
nos deseja,
nos pede pra simplesmente estar.

A leveza é assim,
quase não dá pra explicar...

10 de nov. de 2009


O tempo veio descansar na minha varanda.
O sol hoje,
me ilumina diferente,
não faz sombras,
não queima...
Simplesmente me mostra o dia
com a mestria do olhar.
O que foi macerado de mim,
curou a garganta e o pão.
Hoje fico à vontade por ser inteira,
por ser intensa.
Mais quente,
mais azul,
mais lente,
mais olhos,
mais coração.

Que eu mereça sempre
o descansar do tempo em mim.

31 de out. de 2009



A cidade inteira dormia...

E meu sonho,

ah, meu sonho...

Esse, agora,

eu não posso contar...

30 de out. de 2009


No sonho,
conheci tuas trilhas,
e teus lugares novos de todos os dias.
Reconheci teu poema no mar,
e tuas marcas leves na areia.
Teu cheiro se espalhava por todo o lugar que eu ia.
Agora,
vou desaguar daqui,
riscar novos mapas,
resolver afluentes,
resguardar as rotas,
resgatar as bússolas,
reconhecer as direções.
Vou por aqui,
e seja o que meu desejo quer.
Vou ancorar de paixão,
eu sei.
Mas não vou morrer nesse cais.
Na verdade,
sou um rio,
cheio de embarcações.

Só não faço a menor questão de t esquecer.





29 de out. de 2009

Não sou rimada, mas veio assim...

Não me queixo com o tempo.
Te quero em qualquer estação.
Mas fico desejando
que a saudade vente a contento,
que te abuse de vontades,
que te acenda o coração...
Quero que a minha falta te cause,
te amasse,
que me queiras mais e tanto.
E que minha ausência,
venha por um segundo e passe,
o abandono rápido alimenta o encanto !
Que eu sinta a tua calmaria
e saiba perceber teu temporal.
Te quero hoje,
amanhã,
e mais um dia,
Me traz teu doce.
Trago meu sal.

(ah, esse gosto da água do mar...)

Minha vontade foi cruel esses dias.
Primeiro, me estampou nos olhos toda a calmaria.
Depois, me arrasou como num temporal.

Fui um sol nessas noites frias,
fui céu negro pra acabar o dia,
fui a quarta feira de um carnaval.

Que seja
o bem que me quer.

28 de out. de 2009

A paixão te pega e te deixa assim.
Te ordena,
de uma forma tão descabida,
que faz rir os olhos.

A poesia te cobre de chance,
mas agora,
lá vem ela...

rindo do meu jeito,
de não saber pedir.

Vou pescar passarinho.
Depois solto todos dentro de mim.

eu perco o jeito
o olhar confessa oceanos

até já ensinei
mas nesse instante
desaprendi a nadar
vento bom é esse,
que deixa os cabelos nos olhos,
enche a vela do barco,
apaga e vela da mesa...

será que ele te sopra pra cá,
se eu pedir com jeitinho ?


27 de out. de 2009


Tem um tempo dentro de mim
que dura mais que tudo.
Parece que o tanto me traz de volta
e não tem fim.
Eu me reviro como onda,
me refaço como pedra,
tento me buscar como areia quieta,
quente de sol,
cheia de céu
e abandonada de gente.

Acho que vou ficar aqui.


No meu jeito,
coloquei mais mel e pimenta.
Vai ficar nessa mistura até amanhã.

...mas é o desejo de um beijo
que anda me adoçando a boca.

26 de out. de 2009

Photo by Dóris


Notei.
Anotei pra não esquecer.

... Achei aqui,
em mim,
uma fome,
um perfume,
um prazer prolongado,
um desejo esticado...

Minhas palavras,
sinto que andam mais afiadas de areia,
com mais cheiro de mar.

Tenho certeza que o beijo,
o próximo,
vai ser bem demorado,
mesmo que breve,
e que não vou mais beirar o imaginário sem sentir.

25 de out. de 2009

23 de out. de 2009


Ando tirando a roupa dos meus sentimentos.
Tenho acompanhado assim, essa nudez.
Guardo segredos meus, comigo.

É assim que extravaso.

Sem falar,
Que minhas idéias aparecem na tua tela,
o que me faz sentir mais perto.
Prezo por essa coordenação sem ordem.

A timidez do nú,
me devolve a ousadia de compor um todo.
Eu amo as estações mais quentes.

Sei que vou achar palavras escondidas dentro de mim.

22 de out. de 2009

Fica assim ó :
Jogamos o calendário fora,
começamos agora,
sem ilusão,
com o jeito mais leve que temos,
de maneira mansa,
livre,
com a exatidão dos grãos.


Creio no que vejo daqui...
Em seguida que vejo isso,
assim,
acredito que deva haver ,
um “fruto” de gosto muito bom.
E que meu jeito,
(ah,
esse meu jeito),
volte a ser de pimenta do reino,
sem arder.
Descobri que é doce
o jeito que a noite cai.
As coisas não se agravam só porque existe a escuridão...

A lua me conta a mesma coisa que o sol...
Se conhecem,
vivem,
conversam juntos,
e o que mais aproxima os dois,
é que são extremamente diferentes.
Creio no que vejo daqui...

Photo by Dóris


21 de out. de 2009


Quando silencio,
é quando permaneço mais inteira ainda.
A noturna forma de pensar tudo agora,
e não pensar em nada além.
Fico com o sorriso entardecido.
Quando silencio,
também percebo mais as luzes que evidenciam a rua.

E depois de rir e chorar muito,
com a intensidade da alegria,
Sou mais plena.

Ando completamente apaixonada pelas palavras.
O meu silêncio é cheio delas...






20 de out. de 2009


O dia quando amanheceu,
me entregou um calor de vida nova,
um brilho,
que há muito havia esquecido em algum lugar de mim...
O relógio havia parado,
na parede,
e não me cobrava mais o tempo que tinha passado,
me ajudava sim,
a vislumbrar outro tempo,
a me encantar com outras ondas,
a deixar meus olhos se perderem na frente do mar...

Agora ando assim,
como se nem sentisse mais o chão.
Sinto o que já cresceu cada grão,
que se reformou o solo em cada vento.

Agora eu escuto,
e deixo o ar me contar o que me preenche mais,
o que é verdadeiro,
o que não se esconde,
o que se mostra,
o que aguarda o tempo certo,
o que se mantém.

Eu tenho parte com o mar,
diria o caboclo que respeito e nem conheço.

DE MAR EM MAR


Rebentação dessas cordas.
De nós.
Dessas cópias de afetos.
De idas.
Eu a revirar cardumes.
De sonhos.
A ancorar em águas paradas.
Partidas.
A desaguar saudades.
De tempo.
A chorar pelo mar...


(nau dessas poças de chuva...)



Eu cortei as cordas.
Puxei as velas.
Me atirei no mar.
Me entreguei pra água,
e deixei lá todo o meu cansaço.
Agora,
aprendi a dirigir a vida.
Meus sonhos,
aprenderam a ser assim,
do meu tamanho.
As forças que não conheço,
estão mais leves,
as sensações e desejos,
deixam meu coração mais sereno :
entram pela minha pele sem medo.
Ah,
sinto de volta a tranquilidade,
a delicadeza,
meu ser mais leve,
minha liberdade de vento,
minha ilha sem solidão,
meu porto cheio de rebentação...

Ainda bem que cortei as cordas desse amor de náufrago.
Ainda bem que puxei as velas desse amor de louco...

17 de out. de 2009

Guri...

Eu tinha os livros nas mãos,
e uma vontade enorme de minha letra....
Tinha sede de botões de rosa,
subia sempre pro andar de cima,
e me atirava sem medo,
abraçada em cada sonho..
Haviam janelas,
e uma coragem mais presente que meus pulsos.
Não media muito os perigos,
e nada me acontecia.
Tinha essa ressonância com o bem.
Tinha quereres homéricos,
e esperas breves.
Não tinha paciência.
Eu tinha os olhos de pedra,
e construía armações de vidro.
Me protegia do mal que nem conhecia...

Hoje,
Trago tudo aqui, mas ainda menino,
crescido, mas menino...
Escrevo à lápis,
bebo rosas e girassóis,
continuo voando,
ainda adoro janelas,
amo o silêncio barulhento do meu coração,
minha ressonância ainda é muito mais que magnética,
minha paciência não conseguiu ficar longa,
enxergo além da lente de meus óculos,
o bem continua raro,
mas prezo mais ainda...


Ah, esse guri...

DEPENDE

Eu tenho uma fogueira
que desconhece a direção do fogo.
Só sei que vai queimando espaços,
caminhos,
pensamentos inteiros...


Depende do vento.
Eu nunca sei a direção do sopro.
Nem tu.

16 de out. de 2009


Ah, eu queria uma frestinha,
uma parada de horizonte,
um despertar de onda,
qualquer coisa...
Se fosse bem meu,
queria até UM segundo de sol,
desde que durasse a eternidade do céu.
Queria um risco,
uma pontinha,
meio fragmento.


Não...
Isso não é pedido que se faça...


Vou pedir um grão de areia.
Daqueles exatos.
Isso sim.

INSTANTE



Eu tenho sensação de saudade.
Não é coisa pequena não.

Mas não tem nome,
não tem rosto...
Sinto quando pisco lentamente

e imagino.

Vou longe, longe...
Aqui mesmo, da solidão da janela...


TEU OLHAR



Cada um com o seu olhar.
Há aquele de fome,
de quem come.
Há o olhar de paixão,
que invade, que arde.
Há o da moça que passa,
que é um olhar de cidade.
Há o olhar do traído,
do que ficou no chão,
do que ficou caído,
do que não teve coração.
Há o olhar do amante,
o olhar de ficção.
Há o olhar distante,
há o olhar ladrão.
Há o olhar que pulsa,
que é impulso,
que é pura ilusão.
Há o olhar de repulsa,
um olhar avulso,
olhar sem razão.
Há o olhar das meninas,
dos tios,
do Brique da Redenção.
Há o olhar dos homens,
das mulheres,
dos motoristas na contra-mão.

Eu quero o teu.





15 de out. de 2009

Eu dobro a esquina da palavra.
Jamais meço,
faço a curva.
Não aviso a direção,
não sinalizo.
Mas deixo meu cheiro,
meu hálito,
meu afeto,
minha atenção,
meu riso entardecido,
de canto de boca,
de olhar cheio.
Gosto da palavra esquisita,
abandonada.

Adoro simplificar minhas complicações.
Mas sei que não é fácil.


Águas de Outubro
(com todo respeito à Tom)



Não tenho pressa,
e se te interessa,
tenho um segredo guardado,
preso à sete chaves,
misturado às sérias claves...
De sol.
De lua.

Não há nada combinado,
mas há um plano arquitetado,
onde te trago à tona,
onde ressurges do meu fundo,
pra respirar num só mundo...
De sol.
De lua.

Não tenho urgência nenhuma,
morro de saudade, rôo unha,
tenho teu cheiro a me perseguir todo o dia,
preso aos sentidos da tarde,
seguro à noite que arde...

Eu te solto na avenida,
tu me socorre na rua...

muito mais quente que o sol,

bem mais ardente que a lua !


14 de out. de 2009


"Pecado"...


Eu permito a vista indecente,
e esse meu pecado de pensar de novo,
numa mistura de soluções e pernas,
num jeito de tentar resgate,
nessa esperança atrofiada que eu tenho,
de te esquecer pra sempre.
Faço com que me persigas no passo mais lento,
na pressa mais respirada...
Meu esquecimento vem com recados pra ser lembrado,
minha reza vem de joelhos.

Eu facilito a tua queda,
e tua total recuperação.

Eu permito a vista indecente
e esse meu pecado de pensar de novo.




O caso é que fico perdida.
Não caso comigo,
e não há acaso pra nada.
E fico assim,
na chuva,
com olhos de relógio,
com ombros de desvios,
com óculos de marquises...

Me entendo com o tempo que não passa,
com o caminho que não acho,
com a tua tentativa que não tem querer,
com a minha paciência,
tão cheia de limites...
Acho que não é por aqui.
E por ali, não quero ir.
Mas espera um pouco...
Vou dar mais um passo pro fundo.
. . .
Meu violão me entende.

13 de out. de 2009


Tenho uma procissão de pensamentos bons.
Acredito assim.
Deve ser meu barulho mais silencioso.
Meus olhos,
um dia,
hão de te dizer tudo que calo.
Mas presta atenção.
Não vou piscar
nem franzir a testa.
Vou te abrir o dia inteiro em mim.
Presta atenção...

Sou desvios e temperos.
E se montares um ser pra ti,
saiba que ele terá pedaços de mim.

É...
E saiba,
um dia li,
que “são os brinquedos inquebráveis
que quebram os outros brinquedos".

Tranquilize-se.
Não sou brinquedo,
e nasci quebrada por uma avenca,
um manjericão,
uma sálvia,
um alecrim...