30 de jun. de 2009

MEDO...

Não tenho pontaria,
tão pouco habilidade pra encontrar caminho,
mas tento.
Chego antes,
e antes de pensar,
falo...
É assim que meu coração se perde,
quando é descabido no jeito que se mostra.
Mas tenho medo sim.
Meu coração é um menino,
contido nas razões,
sem precaução nenhuma.
Tem medo de escorregar nas margens que tem.
Não tem medo da água,
se deixa levar.
Não tem medo do fogo,
ajuda a queimar.
Não tem medo da terra,
vôa quieto no chão.
E o vento, ah o vento...
Sempre peço à ele que te sopre pro lado de cá...

29 de jun. de 2009

É TÃO SIMPLES...






Nasci sob todos os signos.
De cada um pareço ter um pouco.
E pra não contrariar o que é meu, não vou mais colocar pingos nos is.
O som da palavra já tem acento.
Não quero pontuar nem sinalizar.
Talvez eu tenha cansado.
Talvez esteja cansado também, meu coração...
Eu só quero amar simplesmente.
Não quero datas nem ascendentes.
Não quero mapas e nem sinais.
Eu só quero amar.
Simplesmente.

UM DESEJO...



Eu queria fazer de conta,
sem contos de fadas.
Queria gritar bem alto,
sem o desespero dos piratas,
sem a tristeza dos poetas.
Eu queria mesmo era te roubar pra mim,
sem o peso de um crime
ou a culpa de todos os pecados.




TEU BEIJO...

TEU BEIJO

Essência de boca.
De beijo.
Sabor de pessoa.
Emoções e impulsos na pele.
Magia simples de expor.
Razão embutida.
Uma mistura complicada e aberta de coisinhas miúdas.
Agonia de não piscar os olhos.
Metamorfose num estalar de dedos.
Um amor inteiro.
Respiração leve.
Cansaço de sono pequeno.
De riso e travesseiro.
De suor.


(ah, eu queria teu beijo...)

26 de jun. de 2009

MINHA ÚLTIMA CONFISSÃO

Aqui, em mim, mora um bicho tonto de paixão,
um anjo um tanto rebelde,
um demônio um tanto suave.
Eu sei que ele me enlouquece de tudo,
que adormece de tanto.
Ele me conta os segredos,
me tonteia de coisas descabidas,
feito o ciúme que tem,
feito o olhar que ele lança,
feito o defeito que corta.
Aqui, mora esse animal de riso simples,
de cara feia,
de mãos enormes
e cantar sereno.
Ele te busca o tempo inteiro,
e te quer de uma maneira única e nova,
de um jeito manso e forte,
de todas as formas e partes.
Ele te invade em protesto,
te possui sem mandato,
te devora por dentro dos olhos,
das roupas,
por dentro da pele, por entre lençóis,
por entre janelas e portas abertas,
por entre toda e qualquer arquitetura,
por entre esquinas de ruas desertas,
possessas de silêncio, escuras de lua nova,
brilhantes de lua cheia.
Esse bicho é assim.
Inocente de alma e vida até os dentes.
Indecente na cama, valente com os homens,
sincero com as damas...

Aqui, bem aqui, em mim,
mora um bicho tonto de paixão.



25 de jun. de 2009

PEDAÇOS MEUS

A chuva é uma das artes do céu.
Confesso que invejo essa imensidão de águas.
Talvez seja por isso, que de vez em quando,
choro como se chovesse...

Tenho digitais do tempo.
Ele passa e guardo todos os seus segredos na palma da mão.

O desconhecido não me apavora.
Medo, eu tenho, e conheço todos, infinitamente.
São raros, mas nenhum deixo que se apresente maior que eu.

Às vezes pareço tão perto, de tanto que me remeto...
Chego a sentir tua respiração...
Mas não há verso, nenhum poema que te traduza em palavras.
Agora, elas calam no meu coração.

Tenho uma procissão de pensamentos solitários.
Eles vão obturando cada pedaço de céu.
Como se à noite, tu tivesses dentes soltos, brancos, reluzentes,
e eu tivesse que sorrir depois da chuva...
O que eu tenho é dor de saudade, dessas que não desardem.
Os dias parecem amarrotar:
não "passam"...


24 de jun. de 2009

Por dentro


POR DENTRO

Eu tenho um anjo louco e doce

dentro de mim.
Um conhecedor dos infernos e paraísos da alma.

Ele canta, alojado na ponta de uma estrela.
Agora, ele cuida das outras luzes do céu
e de outros anjos da terra.
Em dias de chuva, chora.
Em dias de sol,

queima e arde ao entardecer.
Ele tem estrelas no céu da boca

e somos um só.
Ontem, ele confessou à todas as estrelas,

bem como já fez com a lua,
que te ama,
te deseja,

te adora,
e te quer...


23 de jun. de 2009


RETRATO
(Ensaio nas aulas de Matemática e Português)



Sou relativamente fracionária, mas meus instantes são inteiros.
Tenho mil defeitos, opero com radicais,
e minhas expressões são numéricas.
Meu sistema de medidas é inexato.
Me multiplico entre razões, escalas e pouca prática.
Na proporção que me procuro, me divido,
Mas não vejo grandezas proporcionais às minhas regras.
Minhas regras são de dois e inversas.
Tenho variáveis. Incógnitas.
Meus métodos de adição são exagerados.
Sou muito equivocada quando subtraio.
Com o tempo, aprendi a ter gabarito: não traio.
Agora só me calculo depois que me analiso.
Sou um pronome átono.
Tenho crases fechadas. Viradas. Tortas.
Tenho tremas insistentes, minhas flexões não se estendem.
Sou nominal. Primitiva.
Substantivo masculino, me emprego no singular.
Embora eu saiba das desinências e artigos, me conserto no plural.
Sou absolutamente sintética. Tenho terminações ordinais.
Sou verbo irregular mesmo, sem modos.
Tenho indicativos claros pra buscar um amor mais que perfeito.
Imperativa é a inexistência dele.
Então me fragilizo. Não gosto de ser impessoal.
Creio que a segunda pessoa sempre tem preferência,
mas não há regência suficiente para que não haja novos erros.
Os termos da minha oração são diretos,
objetos absolutos de uma fé concreta.
Preciso urgentemente de complementos.
Gostaria muito que minhas separações não doessem,
Que fossem simplesmente silábicas.