21 de ago. de 2009


FECHADO PRA BALANÇO

Hei de pedir a conta dos amores perdidos

e das paixões insustentáveis.
Do medo, do cimento vivo, de algumas saudades.
Hei de pedir a conta do frio,

das camadas de ar geladas, das fatias.
A conta das dores, do sofrimento,

dos perigos, de algumas esquinas.
Hei de pedir a conta de algumas meninas,

de ruas, de lotações.
A conta de alguns olhares, da fumaça,

mentiras, de todas as iras,
do que não tem poesia.
Hei de pedir a conta dos pesadelos,

de tudo que não tem função.
A conta de alguns lugares,

de pontos finais,
dos tombos e escorregões,
Hei de pedir a conta dos fracassos,

da falsa euforia,
do cansaço e de toda rotina.
A conta das taxas, impulsos,

tabelas, homens engravatados.
Hei de pedir a conta dos vis metais,

de ventos fortes, de medos.
A conta de focos desorientados,

de gelo nos copos,
febres e todos os delírios.
Hei de pedir a conta dos fios,

dos arames, cabelos penteados,
sinais de lugar nenhum, frutas cítricas
e dos cobertores embaixo dos caracóis.
A conta de canais, novelas,

de brincadeiras mais sérias.
Hei de pedir a conta das roupas,

talheres e panelas de pressão.
A conta da fome, das mortes,

das perdas, matérias de alguns jornais.
Hei de pedir a conta dos carimbos,

correios, assinaturas e máquinas de calcular.
A conta de algumas informações

e toda a ignorância.
Hei de pedir a conta dos vidros,

calçadas, frações, minutos, meios,
afins e alguns litorais.
Hei de pedir a conta das pontes,

dos risos que não são sinceros,
dos joelhos que não se dobram,
dos olhos da cara, fitas e arranhões.
A conta das comédias chorosas,

das caixas, faixas e cinturões.
Hei de pedir a conta de algumas rosas,

escândalos, de alguns botões.
A conta das marcas,

de alguns lençóis, dos ângulos,
das armadilhas, das leis, do troco.
Hei de pedir a conta dos fornos,

da noite sem lua, dos riscos,
dos cortes, dos assassinos...
Hei de pedir a conta dos desatinos,

do cano, de tudo que foge, que corre.
A conta do destino esquisito,

da palavra que fere, da mão que só tolhe,
das velas que não mais acendem,
de tudo que morre...

Fecho pra balanço, mas meus amigos entram, sentam, anotam.
Aqui dentro tem violão e amor.

Essa conta sim eu não fecho.


2 comentários:

Unknown disse...

Ainda bem que pra mim não estás fechadaaaaaaaa..bjs nesse preto sem vergonha

Mara faturi disse...

Belíssimo balanço;)
O saldo positivo, gracias...adorei,
bjo moça querida!