31 de ago. de 2009

É assim...
a gente tenta segurar a onda,
o mar inteiro,
segura a areia,
o vento
segura pedras,
muda os litorais,
experimenta meios,
jeitos,
na verdade,
confessa :
A gente tenta tudo !
Mas chega um dia,
uma hora daquelas,
que a gente já azeitou a barra,
escorregou os desejos,
ajeitou o que não encaixava...
e não adiantou .

A gente tenta sim,
mas tem essa hora aqui :
que o fio fica à espera,
o corte pula da imaginação.

A gente ensaia, ensaia...
E o dia chega assim,
rápido, ligeiro mesmo,
feito lâmina,
feito tesoura.

Se a gente tem coragem mesmo,
se é melhor,

a gente corta.

28 de ago. de 2009

. . .

Eu não tenho pressa,
como achava que tinha que ter...
O amor que eu tenho

não tem tempo contado,
não tem essa rispidez de velocidade,
não tem esse alongamento de ser...
Ele é misturado em mim,
hj de forma leve,
amena,
sincera,
sem os subterfúgios

e as inventices dos 20 anos...

Não sei se os astros interferiram,
não sei se meus planetas

trocaram caminhos,
se a lua me cadenciou,
se meus elementos

estão em casa que não moro...
Uma amiga me disse que eu sou um caracol.
E assim me carrego onde vou.
Sou minha casa,
meu caminho é esse aqui.
Aqui e agora.
Gosto mais disso.


Viu ?
É por isso que não tenho pressa...

27 de ago. de 2009


A gente nem percebe a "cirurgia"...
mas as operadoras são reais,
permitem a sorte,
a surpresa de ouvir,
o carinho solto.
Dissociam a imagem,
mas se sente tudo pela voz,
se escuta o coração insólito,
no meio dos cabos,
das fibras ópticas,
da imensidão de fios...

E a gente nem precisa de repouso.
É um pós operatório diferente...
Ah..

O tempo sempre traz o sentido da saudade...





Sinceramente...

Faço um acordo com o tempo:
Não nos perseguimos mais.
Eu quero o que a tua chegada me causa,
o cuidado do jeito de tudo..

Percebo que mesclo a saudade,
dificulto o não pensar,
aumento o som pra que eu não consiga

ouvir meu desejo te chamar...
E a saudade inteira,
quero que desmorone em mim,
que chegue cheia de vontade,
que não me pergunte mais nada,
que silencie,
que não olhe a hora,
que esqueça da chuva que cai,

que esqueça do sol que ainda arde,
que não avise os que passam,
que não siga teus roteiros,
que me surpreenda as mãos,
que venha louca pra acabar com a hora...

E eu,
com a velocidade do vento,
travo lutas com o atraso,

com os dias,
com a demora...

Talvez eu devesse te querer menos...
mas confesso que é difícil voltar atrás agora.





24 de ago. de 2009

Como é que se dorme com um barulho desse ??
Tomei cuidado pra não me distanciar tanto.
Não conseguia mais ver espaços,
nem tempo,
nada.
Só me guardei,
me aconcheguei,
me encostei.
Lá fotografei com meus olhos,
observei com minha alma.
Vi as veredas
e as batidas das janelas.
Vi o mar,
muita areia,
um céu que se ampliava.
Vi naufrágios,
vi tempestades...
Sorri muito com os passarinhos,
chorei com todos os pingos da chuva.
Saciei a fome
dos meus temperos calmos e leves.
Matei a minha sede de raízes,
de árvores,
de sementes.
O relógio
era a batida do meu coração.
Ali,
fiquei certo tempo,
tive várias cores,
abracei meus contrários todos,
faisquei impressões,
mexi no que me dava medo,
abri o que estava fechado.
Do balanço ao meu coração

21 de ago. de 2009


FECHADO PRA BALANÇO

Hei de pedir a conta dos amores perdidos

e das paixões insustentáveis.
Do medo, do cimento vivo, de algumas saudades.
Hei de pedir a conta do frio,

das camadas de ar geladas, das fatias.
A conta das dores, do sofrimento,

dos perigos, de algumas esquinas.
Hei de pedir a conta de algumas meninas,

de ruas, de lotações.
A conta de alguns olhares, da fumaça,

mentiras, de todas as iras,
do que não tem poesia.
Hei de pedir a conta dos pesadelos,

de tudo que não tem função.
A conta de alguns lugares,

de pontos finais,
dos tombos e escorregões,
Hei de pedir a conta dos fracassos,

da falsa euforia,
do cansaço e de toda rotina.
A conta das taxas, impulsos,

tabelas, homens engravatados.
Hei de pedir a conta dos vis metais,

de ventos fortes, de medos.
A conta de focos desorientados,

de gelo nos copos,
febres e todos os delírios.
Hei de pedir a conta dos fios,

dos arames, cabelos penteados,
sinais de lugar nenhum, frutas cítricas
e dos cobertores embaixo dos caracóis.
A conta de canais, novelas,

de brincadeiras mais sérias.
Hei de pedir a conta das roupas,

talheres e panelas de pressão.
A conta da fome, das mortes,

das perdas, matérias de alguns jornais.
Hei de pedir a conta dos carimbos,

correios, assinaturas e máquinas de calcular.
A conta de algumas informações

e toda a ignorância.
Hei de pedir a conta dos vidros,

calçadas, frações, minutos, meios,
afins e alguns litorais.
Hei de pedir a conta das pontes,

dos risos que não são sinceros,
dos joelhos que não se dobram,
dos olhos da cara, fitas e arranhões.
A conta das comédias chorosas,

das caixas, faixas e cinturões.
Hei de pedir a conta de algumas rosas,

escândalos, de alguns botões.
A conta das marcas,

de alguns lençóis, dos ângulos,
das armadilhas, das leis, do troco.
Hei de pedir a conta dos fornos,

da noite sem lua, dos riscos,
dos cortes, dos assassinos...
Hei de pedir a conta dos desatinos,

do cano, de tudo que foge, que corre.
A conta do destino esquisito,

da palavra que fere, da mão que só tolhe,
das velas que não mais acendem,
de tudo que morre...

Fecho pra balanço, mas meus amigos entram, sentam, anotam.
Aqui dentro tem violão e amor.

Essa conta sim eu não fecho.


20 de ago. de 2009


Ah...
Bem que Quintana avisou
que no meio do caminho havia uma pedra...






Nem o sol aquece o frio que faz aqui.
Um frio esquisito,
primeiro foi de saudade,
depois, de “nunca mais”...
um frio menino,
um frio de idade,
um frio de jamais...
Uma agonia,
parece não ter como sair daqui.
Esse lugar aperta,
o coração esfrega,
encolhe,
depois o coração nega,
se tolhe...
Sei lá.
Pelo menos movimento tem.
Talvez fosse saudade mesmo
o nome disso que eu tinha...
Se é assim que é,
não quero mais sentir.
Acho que aprendi muita coisa hoje.
Hoje confio mais em mim,
e assim me protejo,
mas lamento muito...
Lamento
não poder achar corações orientados,
mãos leves que saibam acariciar,
“canetas” que saibam reescrever o amor,
câmeras que filtrem o olhar,
Ah...tempo,
não voa !
...não corre!
Só chega logo,
te apresenta,
faz tuas considerações
e pelo menos
ensina aos desavisados
que não se pode te colocar fora...










18 de ago. de 2009

Abaixo, um poema que fiz pra uma estrela.

As estrelas começaram a descer lentamente,
bem antes do céu começar a pontear.
Tudo no seu tempo,
tudo no meio de um espaço certo,
cheio,
leve e concreto,
sutil e extremamente direcionado.
Era pra todo mundo .
Assim nasceram os instantes,
os momentos mais mágicos,
os convites mais doces,
os passos mais contagiantes e intensos.
Não, não era a ilusão do amor que vinha entre acordes...
Não...
Era a realidade estonteante que mesclava com a melodia,
que juntava com outro instante,
que se misturava com outro timbre,
que envolvia mais um jeito,
que entardecia o tempo de cada música.
Um céu de astros ponteava ali, na minha frente.
O tempo não mudou.
Ardeu o sol de tanto despertar,
choveram emoções no rosto,
nos olhos,
das entranhas,
na felicidade,
nos lugares que são muito bons.
O tempo permanecia completo,
ía passando da forma mais amada,
da mais natural, da mais radiante...
É...Eu não conseguiria explicar.
E ainda, no meio de astros,
vem essa estrela maior,
surge em cada linha de seu próprio reinado,
desponta mais do que nos paralisa.
E ainda por cima, não dói!!
Sua voz não aperta,
simplesmente acaricia o coração,
ascende nossas cores com as suas cores,
apresenta a generosidade que todo ser humano tem que aprender...
tem uma grandiosidade do bem tão estampada...
isso atinge com mestria toda e qualquer voz.
Eu tenho um anjo louco e doce dentro de mim,
eu sei,
mas esse anjo anda comigo sempre,
e me mostra o que há de tão maravilhoso no ser humano.
É assim que sinto.

13 de ago. de 2009


Avesso

Eu tenho uma falha mecânica nos olhos,
e um metal enferrujado no joelho.
Tenho cartas explícitas nas mangas,
e uso colete à prova de balas,
de hortelã...
Eu sou o destinatário
das enormes e lacradas cartas,
que eu não remeto.

11 de ago. de 2009


PAIXÃO - Avesso da água
A paixão,
às vezes,
me vem assim também...
Como se fosse do avesso,
de água,
E ainda assim,
vem me cobrindo com seus reflexos,
com sua falta imensa de espaços...
É como a chuva,
que me toma de um jeito manso,
e se torna música,
me pega de um jeito forte,
e se torna luz...
Fico assim,
a reciclar os tons,
as cores,
os ângulos,
e a fazer muito mais que sentido,
de qualquer maneira.

7 de ago. de 2009

Quinta-feira...

Ontem foi reunião de tudo.
A felicidade abriu uma estrada imensa
e vocês vieram por ela.
A música,
o riso,
a imensidão de estar,
a luz,
os músculos relaxados,
a preguiça aninhada,
o violão encantado,
maravilhado com a oportunidade de ter um toque,
o vinho com olhos de orvalho de sementes,
os queijos destravando emoções,
confessando acordes.
Hoje as palavras se soltaram de mim,
me abandonaram...
mas sinto,
e desejo que possamos repetir !!!

Amigo é casa mesmo.

6 de ago. de 2009


Um poema na porta da minha casa...


Tenho aproximações com a água.

A chuva desce afiada,

parece cortar a pele.

E eu,

com meus sonhos e manias,

não pretendia ser um barco.

queria ser um canoeiro,

desses que afiam as águas,

na rispidez das marés...


5 de ago. de 2009

Então...

Não venho através desta,
nem daquela.
Embrenhei,
meus olhos,
em um futuro muito distante,
de tão perto.
Já está comigo o próximo instante.
Passou.
Já não o vejo mais.
Preciso desconhecer alguma coisa sempre.
O desconhecido também me encanta.
Não me nomeio.
Me constituo sim,
mas serenamente.
Sei que não devia,
mas limito a razão...
Isso ocorre às vezes.
Muito às vezes.
Creio nisso e naquilo.
Rezo por mim e por ti.
Não há concordância sem renovação.
Não há exceção sem regras.
Não há sede sem mar.
Eu tenho um partido vermelho
e canela pra dourar teu corpo.
Não tenho estações.
Gosto do sol do verão.
Mas floresço quando aprendo,
quando minhas folhas caem.
Tenho um diário
e milhões de poemas pra contar.
Ainda há pouco,
percebi que as pessoas
não devem se subscrever atenciosamente,
assim,
sem mais para o momento.
Quer saber o que eu queria mesmo ?
Queria essa lua quase minguando dentro dos olhos,
de tanto olhar.
Aquelas coisas que a gente acha que é sonho:
...acordar de madrugada,
sentir teu sono
e te abraçar.
Sabe,
acho difícil
essa arte de entender as pessoas...
Que coisa estranha,
essa coisa de acender a luz quando escurece o dia...
Quer saber mesmo o que eu acho ?

Acho que tens medo de fazer amor comigo.










4 de ago. de 2009

O tempo acabou de começar !

Que venham os verbos cheios de avessos,
os medos completamente leves,

de tudo que não se conhece,
os intervalos cheios de esperas,

humildemente solenes...
as bocas cheias de vontades,
sorrisos,
palavras,

Começamos agora.


A gente nem se conta nada,
mas vai saber no primeiro olhar.

Combinado.


3 de ago. de 2009

MEU LUGAR NO CENTRO DA ILHA

Quando percebi que te amava, e muito,
descobri que não podia contar com o tempo,
que me valia muito mais a cada segundo.
Quando descobri que te queria, e demais,
percebi que meu medo desbotava com os dias,
e depois tudo me coloria
da maneira mais viva do mundo.
Foi assim,
que me entreguei da forma mais inteira,
da maneira mais intensa.

Meu rumo e toda a minha direção
irão sempre pro teu lugar.
Deixa que eu volte pro meio do teu sonho.






ESTAÇÃO


Até choveu...
Mas gosto é desse avesso.
Me remeto à saudade que tenho tua,
tanto,
que chego a sentir teu cheiro,
e te imagino quando fecho os olhos.
Vou mesclar o frio dessa rua,
com a vontade que tenho de te ver de novo,
com esse sol que tens no sorriso.
Até te ver,
quero o reforço dos canteiros cheios.
Agora,
acho poesia na inércia das lâmpadas que clareiam a rua,
no meio das calçadas cheias de árvores,
que não denunciam mais medo,
nem refúgio,
nem esconderijo de bichos...
Essa confusão de calçadas incompletas,
de chicletes impregnados,
essa armação de galhos,
agora me sugerem ar...
Eu habito uma rua clara,
e não temo mais
que o dia amanheça sem estações dentro de mim.
Que saudade tua...

1 de ago. de 2009


Acalmo minhas vontades assim.
Abraço a saudade,
lembro de carinhos suaves,
sinceros,
de olhos luminosos,
cheios de preguiça,
de amor,
de suavidade,
de afeto.
Esse poeminhas tem donas.
Minhas gatas da ilha.
Beijo e colo.

Praia do Campeche.
Uma saudade no meio de muitas...
SINTO ASSIM AINDA

Colado em mim, o desejo,
que desfaz os medos
e me encontra aos poucos.
Agora, meu desejo faz de mim
o que posso ser...
um anjo louco,
doce,
manso,
desesperado,
e finalmente ardente.
Meu desejo tem tua fome,
tem tua saudade,
teu gosto na boca,
tua imensidão de ilha,
aquele vento de beira do mar,
aquela multidão de vontades...
Permita que a gente possa se cuidar.