8 de jul. de 2009

CARTA

Eu sempre achei que saberia achar a saída das coisas,
das ruas, dos atalhos, das trilhas.
Tinha uma lente que observava apenas.
Tinha uma lentidão de sono bom,
um despertar escancarado e doce pela manhã.
Tinha essas coisas,
que vão do encantamento do riso
ao desespero do choro.
Mesclava a dor com os dentes.
Misturava o corpo com a alegria.
Sempre ousei mais do que podia.
E ia sempre mais do que precisava.
Enxergava coisas que não via.
Sentia os abusos e as impossibilidades
muito antes de acontecerem.
Eu tinha um coração inconstante e doido.
Tinha um ritmo acelerado e calmo dentro das artérias.
Me aquietava sempre, o violão.
Fazia música e me entregava sempre,
em cada melodia.
E eu carregava uma coisa de cinema.
Uma mistura de filmes rebeldes, tristes.
Eu sabia que não tinha
o rosto entardecedor das mulheres bonitas,
mas sempre achei que o encanto poderia estar em outro canto,
acreditava que o que eu tinha,
me era suficiente.
Gostava das horas em que conversava comigo
em frente ao espelho.
Eu tinha jeito comigo.
Gostava de parecer forte, um supra-sumo.
No fundo, ainda sou assim.
Ainda tenho esses afluentes todos
guardados dentro de mim.
Eu me perdi muito depois que te perdi.
Procurei por coisas que já não estavam mais no mesmo lugar.
Outras coisas, aprendi a não gostar.
Gostei de outras tantas e aprendi a manter.
Tudo que aprendi contigo está aqui.
Agora preciso priorizar coisas minhas,
reequilibrar coisinhas.
Eu vou te amar durante muito tempo,
te querendo muito todos os dias.
Quando tudo isso passar,
quero que fiques em mim como uma melodia bonita,
uma marca,
uma alegria grande.
É por isso que tenho certeza que esse amor vai existir sempre.

Decididamente.



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